Matas Nebulares e suas singularidades

Já ouviu falar em Floresta Nebular?

São selvagens e encantadoras!

A Mata Atlântica é o quintal da minha casa, mas no final do ano passado (2022) eu tive a oportunidade de conhecer um bioma diferente do que estou acostumado e me encantei: a floresta nebular.

Selvagem, mas não de forma assustadora, essas florestas, tão singulares, se encontram nas alturas. Apresentam complexidade de caules cheios de musgos e líquens, além de árvores menores, copas mais baixas, retorcidas e uma flora e funga exclusivas.

Fotos: @mind.funga e @joaofungo

Convido vocês a conhecerem mais sobre as matas nebulares através das palavras do Professor Dr. Elisandro Ricardo, Drechsler-Santos (UFSC), coordenador do curso “Diversidade de Macrofungos Ascomycota”, que tive a honra de participar nos dias 28/11 a 01/12/22, em Urubici/SC.

Fotos: @jorge_forager, @mind.funga e @joaofungo

“As matas nebulares dos Aparados da Serra estão distribuídas de forma bem fragmentada, nos topos das montanhas na região sul do Brasil, principalmente acima dos 1000 metros, e tem uma grande influência da umidade presente nas nuvens que vem dos oceanos.

Essas nuvens acabam se instalando dentro desses pequenos fragmentos de mata e oferecem condições de umidade únicas para esses ambientes. Além disso, elas também possuem uma composição de fauna, flora e funga muito particular, onde diversas espécies só ocorrem nessas circunstâncias. Desde 2011, por exemplo, estamos estudando um grupo de fungos que só ocorre em algumas matinhas específicas e não em outras extensões das matas nebulares.

Fotos: @jorge_forager, @mind.funga e @joaofungo

As florestas de altitude são pequenas manchas de mata, isoladas nos topos das montanhas do sul do Brasil, que dependem de condições ambientais muito específicas. Com a mudança do clima ao longo dos anos, algumas espécies que antes dominavam e que eram de ambientes mais frios,  foram migrando para os topos das montanhas, originando o que chamamos de ilhas de biodiversidade relictuais – linhagens de espécies que existiram antigamente de uma forma mais distribuída e que, com o aquecimento, foram subindo as montanhas e ficando isoladas em pequenos fragmentos. 

À medida que a temperatura aumenta com as alterações climáticas mundiais, as espécies, que são dependentes de condições ambientais específicas, ficam expostas e um ou dois graus já podem mudar a formação das nuvens que, por consequência, podemos desencadear o desaparecimento de algumas dessas raras espécies.

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